terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

110 V ou 220 V ?

Essa é uma dúvida que sempre temos na hora de comprar uma ferramenta: “Compro 110 ou 220 V?”
Já ouvi muita coisa a respeito e as pessoas dizem as mais variadas coisas, umas corretas do ponto de vista técnico, outras nem tanto...

Por isso resolvi escrever esse post e esclarecer essa dúvida. O texto acabou ficando mais extenso do que eu pretendia, mas acho que consegui abordar o assunto de uma forma simples e fazendo paralelos com fenômenos conhecidos para que qualquer pessoa, mesmo sem conhecimentos de elétrica, possa entender.

Na verdade, os conceitos mostrados aqui são uma aplicação prática daquilo que ficou esquecido das aulas de física do colegial (agora ensino médio): o professor ensinava e a gente não sabia para que iria usar isso um dia na vida.

A abordagem feita aqui é técnica, mas de uma forma simplificada, sem fórmulas, sem números... apenas conceitos.

 

MITOS E VERDADES

“eu só compro 220 porque o motor é mais forte...”

É comum ouvir dizer isso. Será verdade? Vejamos.
As ferramentas elétricas que possuem versões 110 e 220 se tiverem motores com a mesma potência elas funcionarão de maneira igual (desde que adequadamente ligadas à rede elétrica). Não haverá diferença entre a de 110 e a de 220V.

Mas então por quê profissionais dizem que “a 220 é mais forte”?

Duas podem ser as razões:
  1. Às vezes, por uma questão de projeto, a máquina 220 é realmente mais forte que a 110, mas porque os motores são diferentes e o de 220 acabou sendo produzido com maior potência. Isso é mais comum quando se trata de máquinas de maior potência (acima de 1.500W). Podemos tomar como exemplo a tupia Makita RP2301FC. Segundo as especificações do fabricante o modelo 220V possui potência de 2.100W e o 110 possui apenas 1.650W. Isso se dá porque motores com maior potência exigirão muito da rede na hora partida e a maioria das instalações elétricas residenciais não são dimensionadas para isso. Na partida de um motor há um pico corrente que pode chegar a 8 vezes a sua corrente nominal.
  2. A outra razão, e essa é a mais comum, é que a sensação de maior potência da máquina 220 se dá devido ao seu uso na obra: para funcionar adequadamente a máquina deve ser alimentada com 110V. Entretanto, todo mundo já viu como as máquinas são ligadas nas obras: é aquele fio de 20 metros, cheio de emendas. De um lado as pontas descascadas são penduradas na “caixa de luz” ou enfiadas de qualquer jeito em uma tomada e a outra ponta é ligada a máquina em uma tomada que já caiu no chão umas cem vezes, suja, cheia de cimento e terra. Na hora que a máquina é ligada, dos 110V que saíram do barramento só chegam 90 na máquina. Então ele está ligando a máquina em 90V e não em 110! Nas mesmas condições as máquinas 220 perdem menos da sua potência original, ficando "mais fortes". 

 “eu só compro máquinas 220 porque elas consomem menos energia...”

Outro mito! A energia consumida pela máquina depende da potência do motor e não da tensão de operação. Veremos mais um pouco disso adiante.

“eu só compro máquinas 110 porque elas são mais seguras...”

Isso é verdade. Se houver algum problema e você levar um choque elétrico, é melhor levar de 110 do que de 220!

“eu só compro máquinas 220 porque assim não queima se ligar errado...”

Outra verdade. Máquinas 220V não costumam queimar se ligadas em 110V. Já o contrario.... já queimei máquinas por causa disso.


MAS AFINAL, 110 OU 220V ?

A melhor resposta para essa pergunta é: DEPENDE. Cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens.

Máquinas 110 V

Vantagens

  • Maior facilidade de uso, pois em regiões onde a rede é de 110V as residências possuem poucas tomadas 220V (basicamente no chuveiro e torneira elétrica)
  • Maior segurança em caso de choque elétrico
Desvantagens
  • Queimam caso sejam ligadas por engano em uma tomada 220V
  • Máquinas maiores costumam ter suas versões 110V com motores menos potentes
  • Sobrecarregam mais a fiação elétrica (veremos isso adiante)

Máquinas 220 V

Vantagens

  • Não queimam se ligadas por engano em tomadas 110V. Dá para perceber que algo está errado a tempo
  • Máquinas maiores costumam ter suas versões 220V com motores mais potentes
  • Sobrecarregam menos a fiação elétrica (veremos isso adiante)
Desvantagens
  • Em caso de choque elétrico, será uma descarga de 220V!
  • Em regiões de rede 110V é mais difícil encontrar tomada 220V

O mundo ideal não existe. Ganhamos de um lado, perdemos do outro! Para complicar um pouco mais temos ainda outro aspecto: dimensionamento da rede elétrica.

Como já foi dito, motores de mesma potência consomem a mesma energia quer sejam 110V ou 220V. Isso é verdade quando medimos o consumo na máquina. Só que a nossa conta de luz é calculada com o consumo é medido no relógio que fica na entrada, as vezes muito longe do ponto de consumo. Nós pagamos aquilo que é consumido e esse consumo pode ser dividido em duas parcelas.
  • A primeira corresponde ao que efetivamente usamos para tocar nossas máquinas, iluminação etc...
  • A segunda é a energia perdida na transmissão desde o relógio até os pontos de consumo.

Essa perda é devida ao efeito Joule sob a forma de calor: a corrente elétrica quando atravessa um condutor (fio) provoca um aumento de temperatura (todo mundo já colocou a mão em um fio e percebeu que ele estava “quente”). Esse aumento de temperatura é proporcional à corrente elétrica e às características do condutor. Temos como minimizar esse efeito, mas não como evitá-lo: sempre irá ocorrer.

Esse efeito tem influência no consumo e na segurança. No consumo porque a energia dissipada sob a forma de calor passou pelo relógio e não chegou na sua máquina, ou seja: você pagou e não usou. Na segurança porque o aquecimento dos condutores pode chegar a níveis elevados a ponto de derreter o isolamento do condutor e provocar um curto-circuito.

Além da perda de energia na forma de calor há uma queda de tensão na transmissão: a tensão medida na entrada da máquina é sempre menor do que a tensão medida no relógio, fazendo com que nossos equipamentos sejam abastecidos com uma tensão inferior à tensão nominal para a qual eles foram projetados. As normas brasileiras limitam essa queda de energia em até 4% (a menos de casos especiais, como na partida de motores). Esses fenômenos são notados em nossas residências como, por exemplo, aquela piscada que dá na luz quando o motor da geladeira liga ou então na luz que fica mais fraca quando um chuveiro é ligado e volta ao normal quando terminamos o banho. São efeitos da queda de tensão devido à entrada de mais um equipamento de grande consumo no circuito.

É nessa perda que está a vantagem dos equipamentos 220V. Vamos entender.

As perdas causadas pelo efeito Joule são diretamente proporcionais à CORRENTE que circula no circuito (aumentando a corrente, aumenta-se a perda) e inversamente proporcionais à BITOLA do fio (aumentando a bitola, diminui-se a perda).

Tendo isso em mente para uma dada instalação elétrica quanto MENOR for a CORRENTE que vai circular, MENORES serão as PERDAS. Sob esse aspecto as máquinas 220V são melhores que suas correspondentes 110V (assumindo que ambas têm a mesma potência). Como a potência é diretamente proporcional ao produto da TENSÃO (V) pela CORRENTE (A), então, para uma mesma potência, quando DOBRAMOS A TENSÃO (de 110 para 220) a CORRENTE CAI PELA METADE.

A relação entre a CORRENTE e as PERDAS é maior ainda: a energia dissipada na instalação elétrica (perda) varia com o quadrado da corrente, ou seja: DOBRANDO A CORRENTE  a PERDA É MULTIPLICADA POR 4 (2²=4).


CONCLUSÃO:

"Para a mesma instalação elétrica (bitola de fio) e máquinas de mesma potência, ao dobrarmos a tensão (110 para 220V) a corrente cai pela metade e a perda de energia pelo efeito Joule cai a ¼!"

Aí você pensa: eu posso usar máquinas 110 e faço o dimensionamento da rede elétrica para suportar as cargas com as perdas dentro dos limites aceitáveis. Isso é verdade, mas uma vez fixada a corrente a outra variável que temos para mexer é na bitola dos cabos. Para diminuir a perda temos que AUMENTAR a bitola dos condutores, e isso implica em um aumento também na bitola dos eletrodutos, conexões, na capacidade dos disjuntores e tomadas. Ou seja: para a mesma potência instalada e mesma perda, a instalação elétrica para trabalhar em 110V é bem mais cara do que para trabalhar em 220V.


 MAS E AÍ? COMO ESCOLHER?

Aqui no meu Cafofo sigo algumas diretrizes na hora da compra:
  • máquinas estacionárias são ligadas em 220V. Essas máquinas normalmente possuem motores de indução e podem ser facilmente mudadas para operar em 220. Como são máquinas grandes elas têm lugar e tomadas fixos na oficina.
  • máquinas portáteis com potência acima de 2CV (1.500 W) são 220V. Essas são aquelas máquinas que têm sua versão 110V com motor de menor potência, pois é difícil encontrar máquinas com motores de mais de 1.500 W que trabalhem em 110V.
  • máquinas portáteis com potência inferior a 1.500 W são compradas na versão 110 V. Isso porque são máquinas que a gente acaba levando para fazer trabalhos fora e há uma dificuldade de liga-las em 220 V fora da oficina. Essa regra pode ser quebrada no caso de haver uma máquina em uma super oferta, mas só na versão 220 V. Aí a gente não vai perder...


COMO FAZER PARA NÃO QUEIMAR AS MÁQUINAS ?

Ter ferramentas portáteis 110 e 220 V na oficina é um problema. O ideal seria ter tudo 220 V, mas isso complica sob o aspecto de portabilidade nas cidades onde a rede é 110 V. Isso tende a acabar com a popularização das máquinas a bateria. Então, como fazer para não ligar uma máquina na tomada errada?

Esse problema se tornou crítico e de difícil solução quando da mudança do nosso padrão de tomadas  em julho/2011 (NBR 14.136). Esse padrão foi adaptado da norma internacional IEC 60.906-1, porém essa adaptação deixou de lado a diferenciação entre tomadas de 110 e 220V. A IEC prega o uso de tomadas de pinos redondos para tensões de até 250 V e pinos chatos para tensão de 110V, justamente para evitar acidentes com a ligação equivocada. Alguém, não sei por qual razão pouco técnica, deixou esse detalhe de lado.

Antes dessa norma entrar em vigor havia uma tomada usada para 220V (aquela com 3 pinos, comumente chamada de “tomada de ar condicionado”) que era uma forma de impedir a ligação equivocada. Com a entrada em vigor da norma essa tomada deixou de ser comercializada.

Eu, assim como todos os meus amigos, já queimei máquina por ligá-la na tomada errada. Isso infelizmente acontece quando estamos distraídos e trabalhando com diversas ferramentas ligadas à extensões. Fica meio bagunçado e a gente acaba fazendo besteira.

Ligar uma máquina 220 em uma tomada 110V normalmente não dá problema. A gente percebe que ela não funciona direito, está girando devagar ou fazendo barulho estranho e acaba desligando antes de estragar a máquina. O problema é ligar máquina 110 em 220 V. Ela queima antes de você perceber, pois o motor aguenta apenas poucos segundos e quando a percebemos que algo está errado ela já era!

Como algumas ferramentas portáteis 220V (comprei aproveitando oportunidades) eu faço uma marcação na ponta do cabo de cada máquina: coloco uma volta de fica isolante vermelha nas máquinas 220 V e amarela nas 110 V. As tomadas do meu Cafofo também possuem cores diferentes: as 110V são pretas e as 220V são vermelhas, além de serem identificadas com etiquetas.




AGORA A ESCOLHA É SUA !

Espero ter abordado o tema de forma abrangente para você tomar sua decisão, dando subsídios para uma decisão técnica.


Lembre-se: instalação elétrica é coisa séria. A maioria dos grandes incêndios são normalmente provocados devido a problemas elétricos. Para o correto dimensionamento da instalação elétrica da sua oficina um Engenheiro Eletricista deve ser consultado. É comum as pessoas saírem transformando um quartinho em oficina, colocando um monte de máquinas que não foram previstas no projeto e depois aparecerem problemas na instalação elétrica, como aquecimento de condutores, oscilação na rede quando uma máquina é ligada, etc. Um projeto bem feito e bem executado pode poupar problemas no futuro.



sábado, 29 de junho de 2019

Dicas para construir sua oficina

Vou construir minha oficina. E agora?

A oficina é o lugar onde os sonhos acontecem... um mundo mágico à parte. É o sonho de qualquer hobista.

É nesse espaço que nos trancamos e esquecemos o mundo lá fora, os problemas e o stress. Para desespero dos nossos familiares passamos horas a fio entre ferramentas e nossos sonhos....

Ter um cantinho para poder trabalhar é muito importante. Um lugar só nosso, onde ninguém vai reclamar que está sujo, que está bagunçado, que você está lavando pincel no tanque... Se largarmos uma ferramenta sobre a mesa, lá ficará.

Então, agora você finalmente conseguiu um espaço para fazer a tão sonhada oficina... Como fazê-la para não se arrepender depois?

Uma oficina não precisa ser necessariamente grande. Cada um deve fazer no espaço que tiver disponível. Se você tiver a sorte de dispor de um espaço grande, melhor, mas se não dispuser isso não é motivo para você não ter seu canto. Há solução para tudo. Já vi oficinas feitas em varandas, quartos de empregada (eu mesmo tive várias quando morava em apartamento), depósitos de garagem, áreas de serviço, só para citar alguns lugares.

Nesse post vou abordar alguns pontos que devem ser considerados na hora de construir ou reformar um espaço para instalar sua oficina. Vou falar de uma oficina para marcenaria (meu hobby), mas as ideias servem para outros tipos de oficina: eletrônica, mecânica, serralheria, etc...

Uma boa oficina deve proporcionar:
  • Conforto para que possamos esquecer o mundo lá fora;
  • Abrigo contra intempéries: proteção contra chuva e sol, controlando a umidade, evitando que nossas ferramentas enferrujem e que nossas madeiras embolorem;
  • Boa ventilação e ar puro para respirar, livre de poeira e de gases tóxicos exalados pelas tintas, vernizes e solventes utilizados durante o trabalho;
  • Iluminação adequada, tanto durante o dia quanto à noite;
  • Isolamento acústico para evitar que o barulho proveniente de nossas máquinas nos incomode ou incomodem os vizinhos;
  • Espaço adequado para acomodar nossas máquinas, ferramentas, bancadas e materiais;
  • Energia elétrica para tocar nossas máquinas e ferramentas com segurança;
  • Layout flexível para poder ser adaptado às novas necessidades;
  • Local adequado, de fácil acesso, para o armazenamento de insumos (madeira, colas, tintas, parafusos, ferragens, etc.);
  • Espaço limpo e organizado para se trabalhar confortavelmente.
Essa seria a Oficina dos Sonhos (a minha oficina está muito longe disso)! Sei que é difícil chegar lá, mas esses pontos devem ser tomados como diretrizes de projeto e perseguidos sempre.

Se você estiver construindo uma oficina nova é mais fácil: vai fazer tudo certo desde o início; se sua oficina já estiver pronta isso pode ser implementado aos poucos. O importante é balizar suas decisões tendo em vista essas diretrizes.

Fazendo tudo certo desde o início.

Você vai construir sua oficina a partir do zero? Vai adaptar um espaço já existente? O que deve ser pensado?

Não existe nada bem feito que não tenha tido um bom planejamento antes. Não saia levantando paredes e fazendo pisos sem antes fazer um bom projeto. Há coisas que são muito simples de serem feitas, desde que no momento adequado. Se perdermos a oportunidade tornam-se inexequíveis... Lembre-se: lápis e borracha é mais barato do que pá e marreta!

Pense em tudo ANTES para evitar ter que refazer DEPOIS.

Escalímetro
A primeira coisa a fazer é saber qual o espaço que temos disponível. Desenhe em um papel na escala 1:50 ou 1:25 (é melhor) e localize as aberturas (portas e janelas). Lembre-se da escala utilizada, pois tudo terá que ser representado nela. Para não ter que ficar fazendo contas você pode utilizar um escalímetro (régua usada em arquitetura).

Uma vez delimitado o espaço disponível, faça uma lista com as coisas e recursos que deverão fazer parte da oficina. Não pense apenas no AGORA. Considere também o FUTURO.

Seguem abaixo alguns pontos importantes que deverão ser considerados:

Tanque

É muito importante termos um tanque SÓ NOSSO. Não dá certo utilizarmos o tanque de lavar roupas. A mulher vai brigar, e nesse ponto eu não tiro a razão delas. São usos incompatíveis: roupa é coisa limpa e nossas coisas são imundas, cheia de graxas e solventes (mesmo quando vamos apenas lavar as mãos).

Eu resolvi isso da seguinte maneira: tenho o MEU tanque, os MEUS panos, os MEUS produtos de limpeza (sabão, limpadores multiuso, álcool etc.), as MINHAS vassouras, os MEUS sacos de lixo... Posso usá-los do jeito que eu bem entender. Se eu resolver deixar tudo sujo de uma semana para outra não há problema nenhum. É o MEU canto. Costumo dizer que isso preserva casamento.

Dê preferência a um tanque de bom tamanho. Gosto muito desses de resina, bem quadradões, pois os de louça são grandes por fora e pequenos por dentro, além de serem mais frágeis. Não abra mão disso.

Banheiro

Um banheiro banheiro bem próximo à oficina para que evitemos usar o banheiro de dentro de casa enquanto estamos trabalhando é outra coisa desejável. Entrar em casa todo sujo e deixar manchas na toalha (depende do que estamos fazendo o sabonete do banheiro nem sempre é eficiente para tirar toda a sujeira das mãos) é mais um ponto de stress.

Caso não haja nenhum banheiro por perto pense na possibilidade de instalar um dentro da oficina. Não precisa ser um banheiro completo. Apenas um vaso sanitário, pois a pia você não vai precisar: use o tanque.

Disposição das Coisas

Faça um desenho em escala das coisas que você tem que colocar dentro da oficina:
  • máquinas
  • equipamentos
  • bancadas
  • armários
Pense também nas coisas que você ainda não tem, mas que serão adquiridas em um futuro próximo, para não ter que reformar a oficina assim que ela estiver pronta.

Vá dispondo as coisas no espaço, testando vários arranjos até chegar na melhor escolha. Lembre-se de considerar um espaçamento adequados entre as coisas para permitir a livre circulação e a operação das máquinas.

Caso o espaço não seja suficiente para acomodar tudo pense na possibilidade de colocar rodinhas em algumas máquinas ou móveis para serem movimentados com maior facilidade, liberando espaço quando não estão sendo utilizados. Consulte soluções para espaços pequenos na internet. Há muitos vídeos com soluções criativas, fazendo verdadeiros milagres com pouco espaço.

Alguns equipamentos, como compressor e coletor de pó, ficam melhor quando colocados fora da oficina, em um abrigo anexo. São equipamentos barulhentos que não precisam ficar ao nosso lado. Faça todo o esforço para conseguir isso, pois vale a pena. Procure fazer algum tipo de isolamento acústico nesse abrigo para diminuir o ruído: seus ouvidos e os vizinhos vão agradecer.

Iluminação e Ventilação

Esse ponto também deve ser pensado, pois representa conforto e salubridade (esse é um ponto fraco da minha oficina, pois ela fica em uma garagem fechada e sem janelas adequadas).

Dê preferência à iluminação natural. Caso esteja construindo sua oficina, procure dispor as janelas no alto para não perder parede. Iluminação zenital também é uma opção interessante. A iluminação e ventilação naturais elevam o astral da oficina. É muito gostoso trabalhar e ver o dia lá fora, esteja sol ou chuva. Infelizmente não tenho isso.

Além da iluminação natural é necessário pensar na iluminação artificial. O advento das lâmpadas de LED abriu um enorme leque de opções para iluminação. Eu gosto de luminárias de lâmpada tubular, pois dão uma iluminação extensa, diminuindo sombras. Isso minha oficina tem de bom: embora mal ventilada e de iluminação natural precária, a iluminação artificial é muito boa. Coloquei luminárias além do necessário (e não me arrependo). As vezes uma lâmpada se queima e não faz falta.

Acústica

A acústica do ambiente deve ser estudada sob dois aspectos: a acústica interna do ambiente e o seu isolamento. A maioria dos nossos "brinquedinhos" são barulhentos. Isso incomoda tanto nós quanto nossos vizinhos. Excesso de concreto (piso, forro e paredes) não são bons para a acústica, pois as ondas sonoras refletem e aumentam o ruído. O ideal é fazer o revestimento com materiais fonoabsorventes, mas custam caro.

No Brasil as construções são predominantemente de alvenaria, o que não é bom em termos de acústica. Lá fora, Estados Unidos, Canadá e Europa, são empregados outros materiais. Devido ao frio também são utilizadas paredes duplas, feitas de painéis cartonados com isolamento térmico entre elas. Esse material também acaba contribuindo com a acústica do ambiente.

Além da acústica interna da oficina tem que ser pensado no seu isolamento, ou seja: a oficina é barulhenta dentro, mas é bem isolada e quem está fora não ouve tanto barulho. Isso é importante para não incomodar a vizinhança, caso contrário sua vida será um inferno.

Esse problema é algo que ainda não vi alguém que tivesse uma boa solução.

Isolamento Térmico

Muita gente constrói a oficina erguendo as paredes e cobrindo com telha de fibrocimento ou uma laje, esquecendo-se que com o bater do sol isso vai virar um forno. Tenho um amigo no Rio de Janeiro que tem a oficina no sótão da casa dele. O inferno é gelado perto da temperatura que fica lá dentro, pois além da proximidade com o telhado não há uma boa ventilação. Há dias que chega em um ponto que ele ter que sair da oficina para não passar mal.

Dê preferência à uma laje coberta com um telhado. Se possível use telhas de barro que, embora mais caras, são melhores no isolamento.

Águas e Impermeabilização

Na oficina guardamos nossos tesouros. Não pode entrar água e umidade de maneira nenhuma. Eu já tive 2 inundações e vocês não imaginam o desespero causado por apenas 5 cm de água no piso da oficina. Fico pensando em pessoas que têm suas casas invadidas por mais de 1 metro de lama e esgoto.

A adequada impermeabilização das lajes, pisos e fundações ajudam a evitar goteiras e umidade nas paredes. Caso alguma parede vá ficar encostada no solo, faça uma boa impermeabilização também. Não economize nessa parte, pois o conserto sai muito mais caro. Na internet há muito material falando sobre isso.

Veja também o caminho das águas pluviais no entorno: ralos e grelhas devem possuir vazão suficiente e estar sempre desobstruídos. Não adianta nada caprichar na impermeabilização e a oficina inundar porque o quintal encheu de água.

Instalações

Uma boa oficina precisa de boas instalações.
  • instalação elétrica
  • água e esgoto
  • ar comprimido
  • coleta de pó (no caso de marcenaria)

Instalação Elétrica

Toda oficina deve ter uma boa instalação elétrica, dimensionada para possibilitar a utilização de todas as máquinas sem que isso afete a sua casa. O ideal é ter um quadro de distribuição próprio, independente do quadro da casa, alimentado diretamente da entrada de força.

Pense na possibilidade de fazer uma instalação trifásica. Há vantagens como:
  • motores trifásicos são mais baratos do que os monofásicos, pois não possuem capacitor de partida;
  • máquinas industriais normalmente são trifásicas, portanto são mais fáceis de achar no mercado de usados.
Em algumas cidades não é tão complicado e o custo da energia é o mesmo.

Dentro da oficina eu prefiro a utilização de eletrodutos externos, pois eles facilitam a alteração de layout. Instalações elétricas embutidas na parede deixam a coisa meio travada. Tenho um amigo que fez a coisa profissional mesmo, utilizando calhas e eletrodutos. As calhas, por serem abertas, facilitam o manuseio dos cabos elétricos e novas derivações.

Não vou entrar em detalhes do dimensionamento da instalação, pois deve ser feito por profissional habilitado. Esse é outro ponto que não vale a pena economizar.

Água e Esgoto

Em uma oficina só necessitaremos do básico. Teremos um tanque, um vaso sanitário (se você não for fazer o banheiro agora, mas pretende fazê-lo no futuro, deixe os pontos de água e esgoto prontos para evitar ter que quebrar o piso depois) e, talvez, ralo de piso.

Caso haja ralo no piso minha sugestão é usar caixa sifonada, e não ralo seco, pois a caixa sifonada permite recuperar alguma coisa que vá para dentro acidentalmente durante a lavagem.

Ar Comprimido

É uma coisa que toda oficina usa. O ideal é ter o compressor, independentemente do seu tamanho, instalado em algum lugar, preferencialmente em um abrigo fora da oficina, e trazer o ar comprimido para o local de uso através de uma tubulação. Isso evita mangueiras espalhadas pelo chão da oficina.

Essa instalação deve ser feita com muito cuidado, pois ar comprimido é coisa perigosa. Um compressor é praticamente uma bomba que temos dentro da oficina (já escrevi um artigo sobre compressores). Utilize sempre o material adequado. Jamais use cano de PVC para água (aquele marrom) para instalação de ar comprimido (já vi gente fazendo isso). Esses canos não suportam a pressão e estouram. Tubulação para ar comprimido pode ser de:
  • ferro
  • cobre
  • plástico (PPR - Polipropileno Copolímero Random)
A melhor delas é a de cobre, mas custa mais caro. A mais barata é a de ferro, mas enferruja. Esse é um ponto que vale a pena fazer umas contas. O custo a ser considerado é o custo total, ou seja, o custo da instalação pronta. Esse custo vai depender de fatores como material, equipamentos e mão-de-obra. E isso pode variar muito, principalmente se você for executar o trabalho.

Para fazer as conexões você precisará de ferramentas especiais para cada caso que talvez você não tenha. Para trabalhar com tubos de ferro será necessária uma tarraxa para ferro, que não custa tão baratinha quanto aquelas usadas em canos de plástico. Canos de cobre são soldados e você precisará de um maçarico. As uniões de canos de PPR precisam de uma termofusora para fazer as soldas.

Os tubos e conexões de ferro são indiscutivelmente mais baratos, mas há o custo da tarraxa se você não tiver uma. Entre fazer com cobre e PPR, a diferença maior é no preço dos tubos, pois o preço das conexões são equivalentes. Aí o que vai ser decisivo é o valor do maçarico e da termofusora. Vale a pena lembrar que entre comprar um maçarico e uma termofusora o maçarico vai ter muito mais utilidade no futuro. Termofusora só serve para fazer conexões de tubos PPR. Dificilmente você irá usar novamente. Maçarico é uma ferramenta com muito mais usos no futuro.

Moral da estória: tem que fazer as contas para saber o que mais vale a pena. Cada caso é um caso. Eu, embora tenha a tarraxa, não faria com ferro: ferro enferruja!

Coleta de Pó

Esse item é para marcenarias. Como todos sabem, a poeira nas oficinas de marcenaria são o maior problema. É uma "sujeira limpa", mas incomoda muito e faz mal à saúde. A poeira de algumas madeiras, principalmente MDF, é altamente tóxica, pois o MDF tem uma resina química que aglutina as fibras. Além disso o seu pó é muito fino.

O controle de pó em oficinas de marcenaria é objeto de livros lá fora. Também há uma grande variedade de equipamentos para tratamento do ar nas oficinas. Em terras tupiniquins dispomos apenas de coletores de pó. São equipamentos caros (quase o preço de uma serra de bancada), grandes e barulhentos, mas indispensáveis. Se você tem uma oficina de marcenaria, deve considerar a instalação de um. Embora não resolva 100% do problema, minimiza bastante. Minha oficina vive empoeirada e eu retiro toneladas de pó do saco do coletor...

A infraestrutura de coleta de pó é uma coisa que deve ser pensada na ocasião da construção da oficina. Esse é o melhor momento. Uma vez definida a localização das máquinas deve ser feito o projeto de dutos de aspiração. Há equipamentos que podem ter sua coleta feita por meio de um duto instalado na parede, mas a serra circular o ideal é chegar com um duto embutido no piso, pois  ela normalmente fica no meio da oficina, longe das paredes, e caso o duto não seja embutido (caso da minha oficina) você ficará com uma mangueira de 10 cm de diâmetro atravessada no chão. É horrível. Atrapalha muito.

Essa infraestrutura deve ser feita mesmo que você ainda não disponha do coletor de pó. Deixar uns tubos (normalmente utiliza-se tubos de esgoto, pois não temos tubos específicos para isso aqui no Brasil) embutidos no piso na hora da construção não custa muito caro. Depois do piso pronto (meu caso) fica muito difícil quebrar e embutir.

Para Encerrar

Tenha sempre em mente como você vai querer a oficina no futuro e quando for mexer em alguma coisa já faça pensando na conformação final. As vezes vale a pena investir um pouco no começo para aproveitar melhor no futuro.

Foi o que eu consegui lembrar. Se alguém tiver mais alguma sugestão, deixe nos comentários.

Dicas para tirar um parafuso emperrado.

Não existe nada mais desagradável do que parafuso emperrado na hora que estamos desmontando alguma coisa. O pior é que se a gente bobear acaba estragando a cabeça do parafuso e aí, como diria meu amigo Marcão, lascou-se!

Aí vão algumas dicas para tirar parafusos teimosos (algumas são óbvias, mas vou colocá-las mesmo assim). Vamos lá:

Use ferramentas de qualidade

Uma chave de má qualidade vai se deformar ou quebrar quando submetida ao esforço. Isso pode estragar a cabeça do parafuso, tornando o trabalho cada vez mais difícil. Uma boa chave deve ser feita de bom material, ter bom acabamento e deve possuir uma boa empunhadura que permita ser segurada com firmeza durante o trabalho.

Use a chave do tipo e na medida correta

Um erro comum e que acaba com a cabeça do parafuso, principalmente quando ele está preso e exige força, é utilizar a chave errada. A chave deve encaixar perfeitamente na cabeça do parafuso. De acordo com o tipo de parafuso (fenda, phillips, allen, torx, sextavado etc) há uma chave na medida correta. Não use chaves de fenda para tirar parafusos phillips. Um erro muito comum é usar chaves em polegadas em parafusos milimétricos e vice-versa. Outro erro é usar chaves de fenda ou phillips na medida errada. Há diversos tamanhos de pontas e deve-se usar uma chave com a ponta adequada à cabeça do parafuso.


Manuseie a chave com firmeza

Isso é importante principalmente em parafusos de fenda ou phillips. A chave deve ser pressionada firmemente contra a cabeça do parafuso para evitar que ela escape durante a torção e danifique a cabeça do parafuso e/ou a ponta da chave.

Apoie bem a peça

Esse é outro ponto importante para a prevenção de acidentes. A peça que contém o parafuso a ser tirado deve estar apoiada sobre uma superfície firme. Sempre que possível utilize um torno de bancada para prendê-la. Nunca segure a chave com uma mão e a peça com a outra, apoiando a peça nas pernas ou contra outra parte do corpo (barriga não é bancada), pois se a chave escapar você pode se furar com ela. Eu costumo dizer que todas nossas ferramentas, até mesmo uma simples chave de fenda, são perigosas se usadas da maneira errada. Ao manusear qualquer ferramenta sempre observe a direção que se está imprimindo força e não deixe nenhuma parte do corpo nessa direção, pois é para lá que as coisas vão "voar" caso haja algum imprevisto.


Use desengripantes (WD40 ou algum óleo fino em spray)

Mutas vezes o parafuso se prende por causa da oxidação (ferrugem). O uso de WD40 ou óleo ajuda bastante. Coloque o produto de dê um tempo para ele penetrar e agir.


Aqueça a peça

Aquecer a peça pode ajudar. O calor dilata o material e esse movimento ajuda a soltar o parafuso. Use preferencialmente um soprador térmico ou, na falta dele, um secador de cabelos. Evite, ou use com cuidado, maçaricos. Tome cuidado para que o calor excessivo não danifique a peça. Vá devagar (ou não vá) se a peça for sensível ao calor.

Uma dica dada pelo meu amigo Mazzini é encostar uma pedra de gelo na cabeça do parafuso após o aquecimento: o calor dilata a peça e o frio "encolhe" o parafuso, ajudando no processo de soltura.

Verifique o tipo de rosca

Alguns parafusos de máquinas, principalmente aqueles que prendem peças que giram, são de "rosca esquerda". Esses parafusos funcionam ao contrário, ou seja, eles soltam no sentido horário e apertam no sentido anti-horário. Ao tentarmos solta-lo girando-o para a esquerda na verdade estamos apertando-o cada vez mais.


Uma máquina pode ajudar

Uma boa maneira de soltar parafusos teimosos é utilizando uma parafusadeira de impacto, desde que com a ponta correta. Essas parafusadeiras trabalham dando "soquinhos" no parafuso, o que ajuda bastante. O perigo é que essas máquinas são mais fortes do que a cabeça do parafuso: o excesso de força pode decepar a cabeça do parafuso. Todo mundo que eu conheço já arrancou alguma cabeça de parafuso com uma máquina dessas.

Quebrei o parafuso e ele não saiu. E agora?

Caso isso aconteça nem tudo está perdido. Existe extrator de parafuso quebrado.
Notem que a rosca do extrator é esquerda, ou seja, ao penetrar no parafuso quebrado ela tenderá a soltá-lo

Não é fácil, principalmente porque já se está lutando com o parafuso há um tempão e ele não quer sair de jeito nenhum. Agora, quebrado, as coisas ficarão mais difíceis.

Em primeiro lugar será necessário fazer um furo no centro do parafuso com uma broca mais fina que o parafuso. Esse furo não é fácil de ser feito porque quando o parafuso se quebra a superfície nunca é plana. Furar em superfícies irregulares é sempre um desafio então, se possível, tente melhorar a superfície com uma lima. Usar uma furadeira de bancada costuma ajudar. Após feito o furo deve ser introduzido o extrator na medida adequada e ir rosqueando até que ele trave no parafuso quebrado e comece a girá-lo. Na teoria é simples; na prática não é bem assim...

Espero que essas dicas tenham ajudado. E você? Tem algum truque? Deixe-a nos comentários

sábado, 18 de junho de 2016

Quero comprar um compressor. O que devo saber?

Hoje vou falar um pouco sobre os compressores de ar.

O equipamento é presença obrigatória em qualquer oficina. Há uma vasta gama de modelos e de acessórios que o transformam em uma máquina com diversas aplicações.

Entretanto na hora da compra sempre surgem dúvidas que nem sempre são esclarecidas pelos vendedores ou pela documentação. Foi isso que me motivou a escrever um sobre o assunto.

Os compressores são máquinas bastante úteis em qualquer oficina. Com o uso de alguns acessórios eles servem para uma série de aplicações:

    Fazer limpeza

    Bicos para Limpeza
    Com um bico para limpeza o compressor é ideal para fazer limpeza de máquinas, bancadas e mesmo durante algumas tarefas como limpeza durante uma furação.

    Também muito útil para tirar o pó que se acumula no interior das máquinas (serras, lixadeiras, plainas e tupias), principalmente no motor, local que ele acumula devido à aspiração pela ventilação do motor.

    Secar peças após a lavagem

    O bico de limpeza também é bastante útil para fazer a secagem de peças lavadas com água ou solventes. O ar comprimido chega a lugares de difícil acesso que seriam impossíveis de serem alcançados com um pano. O bico de limpeza é um acessório indispensável e compatível com todos os compressores.

    Tocar ferramentas pneumáticas

    Ferramentas Pneumáticas
    Uma grande utilidade dos compressores é fornecer ar comprimido para acionar ferramentas pneumáticas.

    Há uma vasta gama de ferramentas que ao invés de motores possuem acionamento pneumático. Entre os marceneiros as mais conhecidas são os pinadores, pregadores e grampeadores. Mas não fica por aí: há também lixadeiras, engraxadeiras, retíficas, chaves de impacto, etc. As ferramentas pneumáticas possuem a vantagem de poderem ser trabalhadas juntamente com água.

    Importante ressaltar que as ferramentas pneumáticas normalmente necessitam de lubrificação (automática ou manual). Essa lubrificação pode ser feita diretamente pela linha de ar comprimido com o uso de um lubrificador. As ferramentas pneumáticas, a menos dos grampeadores e pinadores, costumam apresentar elevado consumo de ar, portanto se você estiver pensando em usá-las deverá escolher um compressor de maior porte.

    Pulverização

    Pulverizadores
    Usando um uma pistola ou bico pulverizador o ar comprimido também permite fazer pulverização de produtos como desengraxantes para limpeza de motores, óleos solúveis para proteção de chassi, preservativos de madeira, inseticidas, etc.

    Há diversos tipos de pulverizadores disponíveis no mercado: com ou sem reservatório, com bico longo ou curto.

    Deve-se tomar o cuidado de usar o EPI adequado, pois a inalação de alguns produtos pode ser danosa à saúde.


    Pintura

    Pistolas de Pintura
    Outra aplicação bem comum dos compressores é fornecer ar comprimido para pistolas de pintura para a aplicação de fundos, vernizes e tintas.

    Há vários modelos e tamanhos de pistolas para pintura. Basicamente existem 2 tipos: as para uso de compressores de ar direto e as para serem usadas com compressores com reservatório. Para cada tipo ainda há as pistolas de gravidade (a caneca fica na parte de cima e a tinta cai por gravidade) e as de sucção (a caneca fica em baixo da pistola e a tinta é sugada para o bico).

    As pistolas de pintura normalmente necessitam de ar isento de umidade, o que é conseguido através de filtros. Também é necessário o uso de EPI.

    Pistola para
    Revestimento

    Aplicação de revestimento

    Há também pistolas destinadas à aplicação de textura projetada em alvenaria. Essas pistolas operam por gravidade. Possuem um grande reservatório e bicos grossos, entre 5 e 8 mm.

    Além da aplicação de textura essas pistolas também podem ser usadas para aplicação de gesso, massa corrida e pintura em chapisco ou superfícies com muita irregularidade.




    Jateamento de peças

    Cabine e Pistola
    para Jateamento
    O jateamento de peças é outra aplicação dos compressores e serve para limpeza, remoção de tinta e oxidação, normalmente de peças metálicas ou para gravação em vidro. Utiliza-se uma pistola especial que pulveriza pó abrasivo (óxido de alumínio) contra a peça a ser processada.

    Essa operação normalmente é feita dentro de uma cabine de jateamento, na qual insere-se a pistola e a peça. Essa cabine evita que o abrasivo se disperse contaminando o ambiente e também possibilita o reaproveitamento do abrasivo.

    O jateamento também é uma aplicação que consome bastante ar. Se essa for a sua intenção verifique a capacidade do compressor e o consumo de ar da pistola. Também deve-se tomar cuidado ao trabalhar com jateamento pois a poeira é altamente prejudicial à saúde. O uso de EPI é recomendado.

    Enchimento de pneus

    Calibradores de Pneu
    O compressor também serve para encher pneus de carros, motocicletas e bicicletas.

    Há dois tipos de bicos para enchimento de pneus: os simples e os com manômetro integrado. É sempre bom ter o bico calibrador de pneus na oficina.




    Enchimento bolas, colchões, cadeiras de piscina e demais infláveis

    Bicos para Bolas e Infláveis
    Bastante útil para encher bolas, colchões, cadeiras de piscina e demais infláveis.

    Utiliza-se para isso bicos com rosca que são colocados na ponta dos bicos para limpeza (soprador).







    Tipos de Compressores

    Existem diversos tipos de compressores, alguns deles voltados às aplicações industriais. Para uso em oficinas há basicamente 2 tipos: de diafragma e de pistão.

    Compressores de Diafragma

    Compressor de Ar Direto
    Os compressores de diafragma (ou membrana) são pequenos e normalmente  não possuem reservatório de ar. Esses equipamentos fornecem baixa pressão (40 psi) e baixo fluxo de ar (entre 2 e 2,5 pcm). São ideais para pinturas de acabamento mais grosseiro, como de grades, portões, etc... Devido à sua baixa pressão e vazão esse tipo de compressor não é adequado para outras aplicações.

    Esses compressores, por não possuírem reservatório não podem ter o fluxo de ar interrompido, por isso também são chamados de "compressores de ar direto". Também por esse motivo o fluxo de ar é pulsante.

    Esses compressores não dispõem de reservatório de óleo e dispensam lubrificação.

    Compressores de pistão

    Os compressores de pistão são classificados em dois tipos: os motocompressores e os convencionais. Esse tipo de compressor possui reservatório de ar comprimido e apresentam maior pressão e vazão de ar. Devido ao reservatório (ou pulmão) o fluxo de ar é contínuo (não pulsante). São dotados de pressostato que desligam o motor quando a pressão interna do reservatório atinge o valor máximo e voltam a ligar quando a pressão cai abaixo do mínimo. Normalmente esses valores são 140 e 90 psi respectivamente. Os compressores de pistão possuem reservatório de óleo que deve ser trocado periodicamente conforme as recomendações do fabricante.

    Motocompressor
    Os motocompressores  são equipamentos que conjugam um motor com um compressor acoplado diretamente sobre seu eixo, formando um único bloco, dispensando correias. Embora bem maiores e mais potentes que os compressores de membrana, esses equipamentos ainda são pequenos. Possuem pressão máxima entre 120 e 140 psi e vazões em torno de 6 pcm. Normalmente são acionados por motores monofásicos de 2 a 3 CV.

    O volume do reservatório dos motocompressores varia entre 5 e 25 litros, dependendo do modelo. Por ser tratar de equipamentos pequenos, esses compressores normalmente apresentam  rodas e alças para facilitar o transporte. São ideais para limpeza, acionamento de grampeadores e pinadores, pinturas, pulverização, calibrar pneus e encher infláveis. Alguns modelos trazem incorporado regulador de pressão e manômetro. Devido ao seu baixo custo esses compressores são os mais usados pelos hobistas.

    Um inconveniente desses compressores é o elevado nível de ruído que eles provocam, pois trabalham com um pistão pequeno e um motor de alta rotação. O seu reservatório pequeno também não sustenta o fluxo de ar por muito tempo, obrigando o motor permanecer ligado durante aplicações que exigem fluxo de ar contínuo, como em pintura por exemplo. Deve-se consultar o manual do equipamento para saber quanto tempo o compressor pode funcionar continuamente.
    Compressor Profissional

    Além dos motocompressores exitem os compressores convencionais, aqueles com cabeçote e motor montados sobre o reservatório e unidos por correias. Esses compressores são maiores e capazes de fornecer maiores volumes de ar que os motocompressores.

    Existem diversos modelos e tamanhos desses equipamentos. Os modelos
    profissionais apresentam cabeçote simples ou duplo e reservatório entre 50 e 200 litros. Os modelos industriais apresentam cabeçote tipo estrela, com 5 pistões, podendo alguns modelos podem apresentar 2 cabeçotes e reservatórios com mais de 450 litros.

    Compressor Industrial
    Esses compressores trabalham com motores mais potentes, variando de 2 a 3 CV, monofásicos ou trifásicos nos modelos profissionais, podendo chegar a 20 CV (trifásico) nos modelos industriais. Diferentemente dos motocompressores esses equipamentos trabalham comotores de baixa rotação e produzem menor nível de ruído.

    Os compressores profissionais são adequados, além das tarefas dos motocompressores, para acionamento de ferramentas pneumáticas como chaves de impacto, lixadeiras, pistolas de aplicação de revestimento, pistolas de pintura de alta pressão e jateamento.

    Características dos Compressores

    Quando estamos escolhendo um compressor nos vemos perdidos entre as características que diferenciam os diversos equipamentos. Vamos falar um pouco sobre as principais características dos compressores:

    Potência

    Normalmente a potência que é apresentada nas especificações técnicas de um compressor é a potência do seu motor. Esse valor serve apenas como referência para que seja providenciada a ligação elétrica, pois as características que interessam na escolha de um compressor são deslocamento e pressão.

    Deslocamento

    Deslocamento é o volume de ar que o compressor produz por minuto. Esse valor é dado em duas unidades: pcm (pés cúbicos por minuto) ou l/m (litros/minuto). Há dois tipos de deslocamento: o teórico e o efetivo.

    deslocamento teórico é o volume deslocado calculado teoricamente, ou seja: volume do pistão x rotação da polia do compressor (não é a do motor, pois as polias do motor e do compressor são de diâmetros diferentes).

    Já o deslocamento efetivo é o volume efetivamente deslocado, nas condições de temperatura e pressão em que o ar é produzido. Esse valor é sempre MENOR que o valor teórico.

    Pressão Máxima

    É a máxima pressão que o compressor é capaz de comprimir o ar. É o ponto onde o pressostato desliga o motor.

    Pressão de Trabalho

    Uma das grandes confusões que existem na hora de comprar um compressor é quanto ao conceito de Pressão de Trabalho. Normalmente esse valor não é apresentado nas especificações técnicas e muita gente confunde com a pressão máxima.

    Pressão Máxima é a máxima pressão que o compressor é capaz de fornecer, mas esse valor só é obtido quando o consumo de ar é nulo, ou seja, com o registro de ar fechado. A partir do momento que se consome ar essa pressão começa a cair. A pressão máxima NUNCA se mantém quando há consumo de ar.

    Pressão de Trabalho é a pressão que o compressor é capaz de fornecer quando uma certa quantidade de ar está sendo consumida. É tanto maior quanto menor for o consumo de ar. A Pressão de Trabalho está sempre relacionada a um fluxo de ar. Normalmente é apresentada assim:

    90 psi @ 10 pcm (90 psi com um fluxo de 10 pcm)

    Número de Pistões

    É o número de câmaras de compressão presentes no cabeçote do compressor. Os profissionais possuem normalmente 1 ou 2 pistões. Os industriais possuem até 2 cabeçotes em estrela com 5 pistões em cada um.

    Número de Estágios

    É o número de estágios de compressão. Os compressores profissionais possuem um único estágio, ou seja, o ar sai do compressor e vai diretamente para o reservatório.

    Nos compressores de múltiplos estágios o ar sai de um pistão e entra em outro que lhe aumenta a pressão, assim sucessivamente até ir para o reservatório. Essa arquitetura é utilizada em alguns tipos de compressores industriais.

    Volume do Reservatório

    É o volume do reservatório de ar, medido normalmente em litros.

    Perigo dos Compressores

    Os compressores são uma "bomba" que temos dentro da oficina. O seu reservatório acumula muita energia na forma de "ar comprimido". Caso esse reservatório venha a explodir, as consequências são graves.

    Mas calma! Não precisamos nos apavorar. Temos outras bombas em casa como botijões de gás e panelas de pressão e se tomarmos as devidas precauções não há perigo.

    O reservatório de um compressor é um vaso de pressão e tem seu uso regulamentado pela NR-13. A norma prevê inspeções periódicas a serem realizadas por empresa especializada com emissão de laudo. Essas inspeções incluem:

    • Inspeção por ultra-som para detecção de defeitos e descontinuidades nas paredes do reservatório;
    • Teste hidrostático para verificação da resistência mecânica;
    • Calibração e revisão da válvula de segurança, manômetros e pressostatos.
    As boas práticas recomendam como medida de segurança, aumento de desempenho, durabilidade e qualidade:
    • Acionamento diário dos drenos do reservatório para eliminar o condensado existente dentro do vaso;
    • Verificação do nível de óleo no reservatório antes de dar a partida e eventual complementação caso o nível esteja baixo (consumo excessivo de óleo são indícios de algum problema);
    • Teste da válvula de segurança para certificar que ela está funcionando;
    • Observação dos manômetros após a partida até o enchimento do reservatório e desligamento, certificando-se de que eles operam adequadamente e indicam leituras corretas em cada fase de operação.
    Lembre-se: para uma operação segura siga as recomendações prescritas no Manual de Instruções do equipamento e fique atento à água que sai durante a drenagem do reservatório para ver se não apresenta vestígios de ferrugem. Caso isso ocorra procure uma assistência técnica.

    Ví na Internet um vídeo que ensinava a fazer um compressor com "motor de geladeira"

    Há na internet uma infinidade de vídeos sobre compressores "feito em casa", na maioria das vezes utilizando motores de geladeira ou de ar condicionado. FUJA DESSES PROJETOS !!!!

    O "motor de geladeira" ou qualquer outro usado em refrigeração, é na verdade a junção de dois equipamentos em uma única carcaça blindada: um motor e um compressor. Esses compressores são dimensionados para fazer circular o gás existente no interior da máquina refrigeradora e podem atingir pressões muito elevadas, maiores que aquelas recomendadas pela segurança.

    Ligar esses compressores a um reservatório pode ser muito perigoso e os acidentes com compressores são muito graves. A única maneira segura de se utilizar esses compressores é SEM reservatório, como compressor de ar direto. Servem para serem usados com aerógrafos.

    Escolhendo um Compressor conforme suas necessidades

    Na hora da compra devem ser observados alguns pontos importantes. Antes de comprar um compressor devemos ter em mente o uso que se pretende dar ao equipamento. A partir daí faremos a escolha entre uma lista de produtos adequados.

    A primeira coisa que temos que verificar são as especificações dos equipamentos que pretendemos ligar ao compressor. Os acessórios costumam trazer em suas especificações o consumo de ar demandado. Devemos escolher um compressor que seja capaz de manter a pressão e a vazão de ar para tocar os acessórios.

    É aí que entram a PRESSÃO E VAZÃO DE TRABALHO. Não adianta comprar um compressor olhando apenas a pressão máxima. Temos que verificar se ele é capaz de manter essa pressão na vazão requerida.

    Outros aspectos que devem ser considerados são:

    - Tensão de alimentação (voltagem): os compressores normalmente são bivolt (110/220V); os profissionais podem apresentar motores 220V trifásicos. Deve-se ficar atento a esse detalhe.

    - Volume do reservatório: o volume do reservatório deve ser adequado às recomendações dos fabricantes dos acessórios que serão acoplados ao compressor. Também deve ser adequado ao espaço disponível. Devemos pensar bem na hora da compra: um reservatório muito grande implica num tempo maior para enchimento; um reservatório pequeno demais não fornece ar na quantidade necessária ou obriga o motor ficar ligando toda hora.

    - Portabilidade: A portabilidade deve ser analisada em função daquilo que se pretende do compressor. Há compressores que dispõem de rodinhas e alças para serem movimentados de um lado para outro. Isso facilita seu deslocamento na oficina caso não se disponha de muito espaço. Os compressores maiores normalmente não são adequados ao transporte e devem ser instalados fixos em um local e o ar deve ser distribuído por meio de uma linha de ar comprimido ou por uma mangueira comprida.

    - Ruído: o ruido não é um critério decisivo, pois não há muita diferença entre o nível de ruído de equipamentos semelhantes.

    - Acessórios integrados: alguns modelos de compressor vem com alguns acessórios integrados, como regulador de pressão, filtro, etc.

    - Preço e condições de pagamento: dispensam comentários.

    Escolha um compressor um pouco maior do que aquele que você precisa, assim o equipamento trabalha mais folgado.

    Cuidados na hora de comprar um compressor usado

    O perigo na hora de comprar um compressor usado está no estado de conservação do seu reservatório. O acúmulo de água no interior do reservatório pode provocar oxidação que enfraquece as paredes do tanque. Quando olhamos um compressor por fora não temos como ter ideia de como está o reservatório por dentro.

    Quando compramos um compressor usado raramente dispomos dos laudos referentes às inspeções do reservatório. Essas inspeções custam caro e apenas as indústrias fazem. Talvez não valha a pena!

    Espero ter ajudado !

    Abraços a todos e façam seus comentários.

    terça-feira, 7 de junho de 2016

    Equipamentos Básicos de Proteção Individual - Parte II

    Dando prosseguimento ao tema que iniciei no post anterior agora vou abordar os EPI utilizados em uma marcenaria.

    EPI para Marcenaria

    A atividade de marcenaria, como tantas outras, também requer o uso de determinados Equipamentos de Proteção Individual. Os principais são:
    • Óculos de proteção (ou protetor facial)
    • Protetor auricular
    • Máscaras para poeira e gases (Respiradores)
    • Calçado de segurança

    Óculos de segurança

    Protetor Facial
    O uso de óculos de segurança ou de um protetor facial é recomendado na execução de diversas atividades que possam desprender material que possam atingir os olhos ou o rosto do operador, como serrar, furar e lixar, entre outras.

    Também é recomendado o seu uso durante a execução de trabalhos com microrretíficas.

    Os óculos são os mesmos já mostrados no tópico anterior.

    Protetor auricular

    Assim como os óculos de segurança, o protetor auricular também deve ser utilizado durante a operação de máquinas barulhentas, como a serra circular e a tupia. Use protetores auriculares sempre que a operação da máquina sem o protetor seja desconfortável.


    Máscaras ou Respiradores

    As máscaras ou respiradores constituem os EPR (Equipamentos de Proteção Respiratória), que tem a função de garantir a segurança do usuário em ambientes onde haja contaminantes em suspensão. Nas atividades de marcenaria são duas as máscaras utilizadas:

    • máscara contra poeira, fumos e névoas
    • máscara contra gases e vapores.

    Vou discorrer um pouco sobre o assunto, pois a maioria das pessoas não dão a devida atenção dos perigos que se escondem atrás de um simples pozinho  por desconhecimento.

    Vejamos algumas definições importantes na hora da compra do EPR adequado:

    POEIRAS: pequenas partículas provenientes da quebra, moagem ou trituração de um material sólido que permanecem suspensas no ar e podem ser facilmente inaladas;

    FUMOS: partículas muito finas que ficam em suspensão no ar, derivadas da fusão e resfriamento rápido de um metal ou plástico. Ex: soldagem, fundição, extrusão de plásticos, etc.;

    NÉVOAS: partículas geradas durante a pulverização de líquidos (spray);

    GASES: são substâncias que nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão) não são líquidas nem sólidas;

    VAPORES: ocorrem quando da evaporação de líquidos e são caracterizados pelos seus odores característicos.

    Esses produtos são tipos de contaminantes. Ao serem inalados vão direto para os pulmões, caem na corrente sanguínea e atingem o corpo inteiro. São origens de doenças graves (até câncer).

    Alguns contaminantes ao serem inalados provocam de imediato reações como tosse, tontura, falta de ar, entre outras. Entretanto existem contaminantes que não provocam reações imediatas e só será percebido após um longo tempo de exposição.

    A escolha do equipamento adequado vai depender da atmosfera do local de trabalho. No interior de uma marcenaria os principais contaminantes respiratórios são poeiras, névoas e vapores.

    As poeiras são provenientes das atividades de transformação da madeira (corte, fresamento e lixamento) e quando inaladas podem se acumular nos pulmões e provocar a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). A DPOC é a diminuição da capacidade pulmonar gerando males como bronquite e enfisema pulmonar.

    Alguns produtos, como o MDF por exemplo, utilizam na sua composição resinas a base de formaldeídos o que torna o seu pó é altamente tóxico. A Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) encontrou provas suficientes que ligam o formaldeído a alguns tipos de cânceres e a substância foi classificada como carcinogênica do Grupo 2A ou simplesmente "provavelmente cancerígena para os seres humanos".

    Os solventes utilizados em lacas e vernizes, bem como em alguns tipos de cola de contato, produzem vapores altamente tóxicos que quando inalados provocam tontura e no longo prazo podem afetar o fígado, rinas, medula óssea e degeneração progressiva dos nervos periféricos, que em casos extremos pode causar paralisia. A aplicação de tintas e vernizes om pistola também provoca névoas igualmente tóxicas.

    Como vemos o risco é sério. Devemos nos proteger usando máscaras adequadas. Há dois tipos de máscaras: as descartáveis e as reutilizáveis.

    Máscara Descartáveis

    Respiradores Descartáveis
    As máscaras descartáveis, mais simples e baratas, são constituídas basicamente de uma ou mais camadas de não-tecido sintético e manta filtrante em micro-fibra.

    Há diversos modelos diferentes, variando o formato e acessórios: máscaras tipo concha, máscaras dobráveis, máscaras com e sem válvula respiratória. Essas máscaras cobrem a boca e o nariz e necessitam se adaptar bem ao rosto do usuário para garantir uma perfeita vedação. Normalmente são utilizadas contra poeiras, névoas e fumos.



    Máscaras Reutilizáveis

    Respirador Reutilizável
    As máscaras reutilizáveis são mais elaboradas, portanto mais caras. São normalmente utilizadas contra gases e vapores, embora haja também elementos filtrantes contra poeiras, névoas e fumos. Essas máscaras são constituídas basicamente de duas partes: uma estrutura de silicone com um tirante que a prende atrás da cabeça do usuário e um ou dois elementos filtrantes. É o elemento filtrante que definirá a aplicação da máscara: coloca-se o filtro adequado de acordo com a necessidade.





    Equipamentos Combinados

    Protetor Facial Inteiro
    Alguns respiradores possuem protetores faciais integrados, fornecendo proteção respiratória e ao rosto. Eles são interessantes pois conjugam duas funções em um único equipamento.





    Calçado de Segurança



    Os calçados de segurança sempre devem ser utilizados em uma oficina, pois sempre há perigo de queda de um objeto sobre os pés.

    Conclusões:


    • Mesmo sendo um hobista as atividades envolvem certos riscos que devem ser minimizados por práticas adequadas (vou abordar esse tema no futuro) e/ou pela utilização de equipamentos de proteção individual adequado;
    • Só adquira EPI se ele possuir CA (Certificado de Aprovação);
    • Antes de comprar um EPI verifique se ele é confortável e se adapta bem ao seu corpo;
    • As pessoas que usam óculos devem atentar ao comprar máscaras: alguns modelos interferem com os óculos, embaçando-os ou interferindo no seu apoio no nariz;
    • Ao adquirir uma máscara, observe atentamente a sua finalidade, escolhendo o filtro adequado;
    • O custo do EPI é muito pequeno se comparado ao custo das lesões que eles podem evitar. Ao adquirir uma máquina nova verifique quais os EPI necessários e compre junto aqueles que você ainda não tem.

    Façam seus comentários.

    Abraço a todos e até a próxima !

    terça-feira, 31 de maio de 2016

    Equipamentos Básicos de Proteção Individual - Parte I

    Equipamentos Básicos

    Vou comentar sobre os equipamentos básicos utilizados nas minhas atividades como hobista.

    Na minha oficina tenho equipamentos para trabalhar com Marcenaria, Serralheria, Mecânica de Automóveis e Eletricidade. Cada uma das atividades tem os seus equipamentos próprios. Alguns são comuns a várias atividades. Vejamos:

    EPI para Serralheria

    Eu trabalho com uma inversora de solda. Os EPI básicos para quem vai trabalhar com serralheria são os seguintes:
    • Óculos de proteção
    • Luvas
    • Protetor Auricular
    • Avental
    • Manga ou Mangote
    • Capuz ou balaclava
    • Perneira
    • Calçado de segurança
    • Máscara de solda
    • Creme protetor solar fator 50

    Óculos de Proteção

    Óculos de Proteção
    Os óculos de proteção são um EPI usado para várias atividades. Eles protegem a pessoa de partículas que são lançadas e podem atingir os olhos. Esses óculos têm as laterais fechadas para maior proteção. Há diversos modelos. Pessoas que usam óculos não se adaptam bem aos óculos de proteção, pois eles não ficam bons quando sobrepostos aos óculos de grau. Uma opção é comprar um par de óculos de segurança que seja possível substituir a lente por uma lente de grau. Outra opção, a minha, é substituir os óculos de proteção por um protetor facial.

    Os óculos de proteção (ou protetor facial) devem ser utilizados durante as atividades de corte com máquina de disco e esmerilhamento. 


    Luvas

    Luva de Raspa
    As luvas, feitas de raspa de couro ou vaqueta, servem para proteger as mãos de rebarbas e limalha de ferro que podem provocar ferimentos. As luvas também servem para proteger durante a soldagem, pois durante a operação é comum espirrar fagulhas de metal derretido que podem provocar queimaduras graves. Além disso, a claridade provocada pelo arco de solda pode produzir queimaduras devido à alta intensidade de raios UV.

    Há basicamente três tipos de luvas: as de cano curto, cano médio e cano longo. Para soldagem a de cano médio e longo são mais indicadas por fornecerem maior proteção; para as demais atividades a de cano curto é mais confortável.


    Protetor Auricular

    O excesso de ruido prejudica a saúde podendo causar perda de audição, zumbido (tinnitus), ansiedade, hipertensão, nervosismo e até mesmo impotência sexual. O problema é que a perda auditiva não se dá de um dia para outro. Ela é cumulativa: se dá aos poucos e vai aumentando com o passar do tempo. Quando se dá conta não existe cura, pois a situação é IRREVERSÍVEL. Devemos cuidar da nossa exposição às fontes de ruído intenso, ficando atentos à intensidade e ao tempo de exposição.

    O ruído intenso, que pode causar alguma perda de audição, está acima de 85 decibéis (dB ) por um período de oito horas. Para cada 5dB aumentado, a exposição ao ruído deve diminuir pela metade, ou seja, 90dB por apenas quatro horas de exposição, 95dB por apenas duas horas e, aos 110dB, a exposição deve ser de apenas 15 minutos. O Anexo I da NR 15 do Ministério do Trabalho apresenta a tabela completa com os limites de tolerância para ruídos contínuos e intermitentes. Pode ser facilmente encontrado na Internet.

    Os principais sinais da perda de audição são:

    • Zumbidos e sons estranhos na orelha quando se está em ambientes silenciosos ou antes de dormir;
    • Dificuldade para ouvir sons baixos ou de alta frequência;
    • Dificuldade para conversar ou falar ao telefone;
    • Sons percebidos de forma abafada.

    Como não há remédio para a perda auditiva, o único jeito de evitá-la é a PREVENÇÃO.

    O protetor auricular tem a função de fornecer proteção contra excesso de ruído. No caso das atividades de serralheria ele deve ser usado durante as operações de corte quando se utiliza uma máquina policorte e de esmerilhamento.

    A principal característica de um protetor auricular é taxa de redução de ruido (NRR - Noise Reduction Rate), que pode variar entre 15 e 30 decibéis (dB). O protetor auricular deve ser escolhido de forma a atenuar o ruído ambiente deixando-o entre 80 e 85 db.

    Há dois tipos de protetores auriculares: os de inserção e os tipo concha.

    Protetor Auricular de Inserção

    Os protetores de inserção são os mais utilizados. Eles são colocados no interior do canal auditivo com a função de bloquear a passagem do som. São confortáveis, baratos e duráveis. Há dois tipos: o de espuma moldável e os pré-moldados.

    Protetores de Inserção
    Os protetores de espuma moldável são descartáveis, portanto mais higiênicos, e devem ser utilizados uma única vez. Os pré-moldados, fabricados de silicone ou co-polímero, são reutilizáveis e necessitam de higienização (lavagem) diária. São encontrados em tamanho único ou 3 tamanhos para melhor se adaptação.

    As vantagens desse tipo de equipamento são:


    • baixo custo
    • eficiência
    • conforto
    • pode ser combinado com outros equipamentos
    Entretanto os protetores de inserção apresentam algumas desvantagens:
    • não dá para ser inserido se o usuário estiver de luvas ou com as mão sujas
    • menores taxas de redução, em torno de 16 dB
    • maior necessidade de higienização (no caso dos pré-moldados)
    • mais fácil de perder
    No caso do uso de protetores reutilizáveis recomenda-se fazer um nó no cordão próximo ao plug e utilizá-lo sempre no mesmo ouvido (o direito por exemplo). Dessa forma, caso haja uma infecção em um ouvido ela não é transmitida ao outro.

    Os protetores reutilizáveis também devem ser lavados constantemente. Como são introduzidos dentro do canal auditivo eles podem provocar infecções caso não estejam adequadamente higienizados. Esse tipo de equipamento é de uso pessoal e não deve ser compartilhado com outras pessoas.



    Protetor Auricular de Tipo Concha

    Protetor tipo Concha
    Os protetores auriculares tipo concha são formados por duas conchas plásticas forradas de espuma e unidas por uma haste metálica ou de plástico. Ele é colocado sobre as orelhas com o intuito de abafar o som. Esse tipo de protetor possui taxa de atenuação mais elevada que os de inserção. Para garantir sua eficiência ele deve ser colocado de tal modo que as orelhas fiquem totalmente dentro das conchas.

    Esses protetores são mais caros que os de inserção e são fabricados em diversos modelos para permitir o seu uso em conjunto com outros equipamentos.

    As vantagens dos protetores tipo concha sobre os de inserção são:
    • maior poder de atenuação (25 dB)
    • eficiência
    • podem ser colocados ou retirados com o uso de luvas
    • maior durabilidade
    • mais difícil de perder
    Desvantagens
    • maior custo
    • maior peso
    • menor conforto
    Há protetores tipo concha que oferecem proteção ativa, ou seja, eles possuem um sistema eletrônico que emite ondas sonoras que anulam as ondas do ruído externo aumentando seu poder de abafamento. Seu circuíto eletrônico é capaz de manter o nível de ruído em 85 dB, garantindo uma proteção efetiva com perfeita audição de conversação. Esse tipo de protetor é indicado para atividades em ambientes de alto nível de ruído. São equipamentos de elevado custo.


    Avental de Raspa de Couro

    Avental de Raspa
    O avental tem como função a proteção do tronco contra fagulhas espirradas durante a soldagem, corte e esmerilhamento. São produzidos de raspa de couro.

    Existem dois modelos: com mangas (tipo barbeiro) e sem mangas (tipo açougueiro). A escolha de um ou outro vai depender do gosto de cada um. O avental tipo barbeiro dispensa o uso de mangas avulsas (mangote) e deve ser usado com luvas de cano curto.


    Manga ou Mangote

    Mangas ou Mangotes

    As mangas avulsas são protetores para os braços quando se usa aventais desprovidos delas. Como todos as demais vestimentas também são confeccionadas de raspa de couro.

    Devem ser usadas durante as operações de soldagem, mesmo que estejam sendo usadas luvas longas. 






    Perneiras

    Perneira
    As perneiras, fabricadas de raspa de couro, são destinadas à proteção das pernas. São indicadas quando a pessoa está usando botas de cano baixo.

    Não se deve confiar na proteção oferecida pela calça comprida pois o metal fundente perfura o tecido com facilidade provocando queimaduras. Somente uma perneira de raspa é capaz de impedir ferimentos.






    Capuz ou Balaclava

    Capuz de Soldador
    O capuz de raspa completa a vestimenta e tem a função de proteger a cabeça e os ombros do soldador contra respingos de solda que espirram e deve ser utilizado durante as operações de soldagem.







    Calçado de Segurança

    Botina de Segurança
    Existem vários tipos de calçados de segurança: botas, botinas, coturnos e  sapatos. Cada calçado possui características especiais para fornecer proteção a algum tipo de risco: calor, eletricidade, água, impacto de objetos, etc..

    Gosto de usar uma botina de segurança com biqueira dura, Há dois tipos de biqueira: de aço e de PVC. Como não trabalho com peças muito pesadas optei pela biqueira de PVC, pois ao experimentar o calçado na loja ela me pareceu mais confortável que a com biqueira de aço. Tenho colegas que usam calçados com biqueira de aço e dizem que são confortáveis. Com biqueira de aço ou PVC uma botina de segurança é um EPI que deve fazer parte da vestimenta básica para qualquer atividade.



    Máscara de Solda

    A máscara de solda é um dos equipamentos mais importantes para o soldador. Ela protege o rosto de respingos e evita queima da retina pela radiação ultra-violeta, infra-vermelha e luz visível intensa produzida durante a formação do arco voltaico. Vou falar um pouco sobre elas para esclarecer alguns detalhes que aparecem nas especificações dos produtos existentes no mercado.

    As máscaras de solda são caracterizadas pela sua Tonalidade de Escurecimento. A tonalidade de escurecimento é a graduação dada à proteção que filtro é capaz de fornecer, ou seja, qual a porcentagem da luz incidente que ele é capaz de bloquear.

    A porcentagem da luz que atravessa o filtro é chamada Transmitância Luminosa. Os filtros luminosos são classificados segundo a tabela ao lado.





    Máscara Fixa
    Há dois tipos de máscara: as fixas e as automáticas. As máscaras fixas são as mais simples e mais baratas. São feitas de material plástico resistente e possuem uma janela onde é colocado um filtro de vidro com tonalidade fixa.

    Esse tipo de máscara é ruim, principalmente para os iniciantes, porque o operador não consegue enxergar o trabalho enquanto o arco não é aberto, pois o filtro é muito escuro.







    Máscara Automática
    As máscaras automáticas são mais sofisticadas. Possuem um filtro de cristal líquido polarizador de luz que é capaz de bloquear o excesso de luminosidade assim que o arco se forma. Quando não há arco o filtro não atua, ficando claro para possibilitar a visão da superfície de trabalho.


    Vejamos algumas características desses filtros:

    Tempo de Comutação: também chamado de tempo de escurecimento, é o tempo que o filtro demora para atuar, passando do estado claro para o escuro. Esse tempo deve ser inferior a 5 milésimos de segundo (5 ms).

    Tempo de Recuperação: chamado também de tempo de clareamento ou tempo de retorno, é o tempo que a máscara leva para passar do estado escuro para o claro. Esse tempo é variável de acordo com o serviço que está sendo executado, devendo ser menor para solda de ponteamento (50 ms) e maior para longos cordões (300 ms), pois a grande quantidade de material incandescente continua irradiar infra-vermelho após cessar o arco.

    As máscaras de escurecimento automático podem possuir filtros de tonalidade fixa ou variável. Normalmente as máscaras fixas possuem tonalidade 11; as variáveis permitem a graduação da tonalidade entre 9 e 13. Quando o filtro está aberto (claro) ele apresenta tonalidade em torno de 4.

    A tonalidade da máscara deve ser escolhida de acordo com o tipo de eletrodo e amperagem que está sendo usada. A tabela abaixo mostra as recomendações da norma EN 379-2003.




    Ao efetuar uma solda a máscara deve ser regulada segundo a tabela acima, Pode ser utilizado um ponto para cima ou para baixo em virtude das diferentes capacidades de visão das pessoas.

    Algumas máscaras de solda trazem no seu interior um filtro para os fumos provenientes da operação de soldagem que não devem ser inalados.

    Dicas Importantes

    Na hora de comprar os seus EPI observe:

    • Verifique quais são os EPI recomendados para o trabalho que você pretende fazer;
    • Dê preferência às marcas tradicionais conhecidas;
    • Certifique-se que o EPI possui o Certificado de Aprovação - CA com o número gravado, juntamente com o nome do fabricante/importador;
    • Verifique o prazo de validade;
    • Ao comprar produtos de raspa, principalmente luvas, experimente para ver se são confortáveis;
    • Ao adquirir uma máscara de solda dê preferência às máscaras automáticas com tonalidade variável e tempo de recuperação controlável;
    • A escolha do protetor auricular deverá levar em conta o nível de exposição ao ruído da atividade.

    Ao utilizar o seu EPI:

    • Siga atentamente as instruções do fabricante;
    • Observe a validade do produto;
    • Substitua seu EPI sempre que estiver fora da validade ou apresentar avarias que possam afetar seu perfeito funcionamento;
    • Não compartilhe equipamentos pessoais, como os protetores auriculares de inserção;
    • Não reutilize produtos descartáveis.


    Lembre-se:

    • EPI não custa caro.
    • Segurança nunca é demais!

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    Abraços e até a próxima!